Sonhos traídos: de salvador a indesejado no E. Amadora

18-03-2011 19:14

 

Jovens recrutados para o Leão de Judah e para o Flamengo de Portugal

Por Nuno Travassos com Vítor Hugo Alvarenga2011-03-18 16:20h

Em risco de extinção e à procura de uma qualquer tábua de salvação, o Estrela da Amadora pensou que Nélio Nunes fosse o «salvador» tão desejado por aqueles que lutam diariamente pela sobrevivência do clube. Cerca de um mês depois de ter chegado a Portugal com o primeiro grupo de jovens (em Setembro, portanto), o empresário brasileiro começou a visitar o Estádio José Gomes.

«Introduziu-se no clube, manifestando a intenção de investir», contou ao Maisfutebol o administrador de insolvência do Estrela da Amadora. Paulo Sá Cardoso reuniu-se com o empresário brasileiro e com a esposa, que garantiram estar dispostos a «injectar» cinco milhões de euros. A verdade é que nem um euro entrou. Terá até ficado uma conta por pagar, de mais de duzentos euros, num restaurante próximo. «Revelou-se uma pessoa indesejável e teve de ser expulso», completa o gestor do Estrela.

Enquanto isso não aconteceu, Nélio Nunes colocou, durante alguns dias, os quatro jogadores a treinar com os juniores dos «tricolores». Gravou mesmo um vídeo no campo sintético do Estádio José Gomes (entretanto retirado da internet), apresentando-se como administrador do clube, e convidando outros jogadores do seu país a juntarem-se ao projecto.
Mesmo quando se cruzava com alguns sócios do Estrela da Amadora, Nélio Nunes apresentava-se como investidor. E procurava assumir esse estatuto nas instalações. «Exigiu as chaves a uma funcionária», revelou Paulo Sá Cardoso ao nosso jornal. O comportamento do empresário brasileiro levou essa empregada de longa data do clube, que terá até sido ameaçada com despedimento, a apresentar queixa na Polícia de Segurança Pública, que alguns dias depois teve de intervir directamente.

«Partiu uns vidros, arrombou uma porta e causou distúrbios. Tive de chamar a polícia, e já havia uma ordem de expulsão do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). Só uma pessoa alienada é que faz estas coisas», acrescenta o administrador de insolvência. «Ele disse que tinha invadido o Estrela porque Deus o mandou», conta Ronaldo, um dos jogadores

Emblemas luso-brasileiros

Nélio Nunes nunca mais foi visto no Estádio José Gomes, mas continuou a recrutar jogadores para clubes. Só que desta feita para emblemas por si fundados. Em vídeos, ou mesmo em anúncios na internet, o empresário brasileiro apresentou-se depois como director-presidente do Leão da Tribo de Judah Futebol Clube. Uma agremiação alegadamente fundada a 21 de Agosto de 2010, e com o cariz religioso presente logo no nome.

O recinto do Tenente Valdez, no concelho de Odivelas, era apresentado como a «casa» deste novo clube, destinado a jogadores brasileiros. Na apresentação era dito que em 2011 o Leão da Tribo de Judah disputaria a Série F do campeonato distrital, com o objectivo de chegar à elite em 2014. De acordo com o que o Maisfutebol apurou, não há qualquer registo do clube na Associação de Futebol de Lisboa. Aos jogadores era prometido um salário de dez mil reais (mais de quatro mil euros), mais apartamento mobilado e carro.

Mais recentemente, a 18 de Fevereiro, Nélio Nunes divulgou um vídeo em que anunciava a criação do Clube Flamengo de Portugal.

 

 

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